Entrevista - Tim Gajser
Tim Gajser vem de um país que não tem tradição no motocross, a Eslovênia, e veio adquirindo experiência nos campeonatos europeus e depois no Mundial. Junto ao seu talento, lapidou-se um campeão. Em sua carreira, até o momento possui quatro títulos mundiais, um na categoria MX2 (2015) e três na MXGP (2016, 2019 e 2020), sendo o primeiro na principal logo em sua estreia na categoria, sem precisar de mais tempo para se adaptar à sua Honda CRF 450RW. No ano passado, ele também brigou pelo campeonato, mas teve lesões e cometeu erros enfrentado dois grandes adversários, o holandês Jeffrey Herlings, da KTM, e o francês Romain Febvre, da Kawasaki. Assim, Gajser viu suas chances de vencer mais um campeonato fugir das suas mãos. Após descanso, fez uma pré-temporada intensa e chegou na abertura do campeonato, no GP da Grã-Bretanha, preparado para mais uma disputa e sabendo da ausência de Herlings e Febvre, respectivamente o campeão e o vice do ano passado, que se lesionaram na pré-temporada.
Apesar da presença do "Sr. Holeshot", o espanhol Jorge Prado, da GasGas, e da chegada do campeão da MX2 de 2021, o francês Maxime Renaux, da Yamaha, o campeão de 2020 tem dominado a temporada e até a prova na República Tcheca, tinha mais de 100 pontos de vantagem sobre Jeremy Seewer (Yamaha).
Aproveitando nossa presença na Europa, conversamos pessoalmente com o líder da MXGP, que se aproxima do quinto título mundial (quarto na principal categoria), que nos recebeu com muita simpatia e descontração. Acompanhe nossa conversa com esse piloto que já escreveu seu nome na história mundial do motocross, inclusive batendo números de lendas do esporte, como o britânico David Thorpe e o belga André Malherbe, grandes pilotos da Honda nos anos 1980.
DA – Para a nova temporada, você realizou mudanças significativas em sua Honda ou ela é praticamente a mesma do ano passado?
GAJSER – Ah, sim, sempre procuramos melhorar a nossa motocicleta, que era bastante forte e rápida no ano passado. Basicamente, a moto é bastante semelhante do lado de fora, mas na pré-temporada realizamos muitos testes. Tentamos algumas coisas diferentes e, sim, fizemos uma moto melhor. Tentamos melhorar a cada ano, procurando torná-la bastante confortável com as mudanças.
Jeffrey Herlings e Romain Febvre estão fora do campeonato. Como está sendo competir sem esses oponentes?
Desejo a eles uma rápida recuperação, para ficarem bem e voltarem o mais cedo possível a andar de moto e, claro, correr conosco novamente. Nunca é bom ver alguém se machucar, há muitos grandes pilotos, pilotos rápidos que são capazes de vencer e lutar pelo título. Espero que eles se recuperem e fiquem fortes para poderem voltar a competir no próximo ano.
O piloto francês Maxime Renaux estreou nesta temporada na MXGP, já venceu provas e está entre os três primeiros na tabela de pontos. Ele surpreendeu?
Maxime está competindo muito bem desde o início. Eu diria que não foi uma surpresa ele ser tão rápido porque mostrou uma boa dinâmica de velocidade no ano passado. E ele é meio alto, sabe, um pouco mais pesado, então talvez a 450 seja melhor para ele. Imediatamente ele mostrou boa velocidade e está lá com a gente, lutando.
E como está Jorge Prado nesta temporada?
Todos o conhecem o Jorge. Você sabe, ele é um piloto muito talentoso, com um estilo de pilotagem muito bom. Ele começa as provas rápido, com boas largadas, e sempre está lá também, disputando as primeiras posições. Ele é rápido e forte, então é sempre bom lutar com ele.
O Mundial passa por inúmeras pistas em países diferentes. Você tem preferência por algum circuito?
O meu circuito favorito é definitivamente Trentino (Itália), uma grande pista e com um belo traçado. Também gosto da pista da Argentina, rápida e com um bom piso. Você sabe, uma pista agradável e segura sempre é boa.
O Mundial exige muita dedicação e esforço, e sobra pouco tempo para o lazer. O que você gosta de fazer quando não pratica o motocross?
Não sei, não tenho muito tempo livre. Na verdade, minha vida é meu estilo de vida, é sobre motocross, sabe? Então, sempre estou treinando, comendo corretamente, dormindo corretamente. Eu não tenho muito tempo livre (risos). Mas gosto de jogar futebol quando tenho tempo. Ah, gosto de andar de bicicleta também, sair com meus amigos... E se formos a algum lugar que não conheço, ter um bom jantar também é legal.
O brasileiro Marcus Pereira de Freitas é o chefe da HRC (Honda Racing Corporation) no Mundial. Como é trabalhar com ele?
Marcus é um cara legal, trabalhamos juntos desde 2016 ou 2017. Ele está sempre super motivado. Sempre, sempre ele está lá, apoiando todos. Você sabe, mesmo que eu esteja indo mal na corrida ou fazendo uma boa corrida, ele sempre está lá me apoiando, me motivando. É muito legal ter ele perto de mim.
Você tem dominado a categoria, mas o que aconteceu na etapa da Sardenha, na Itália? Obviamente, não eram aqueles resultados que eu queria no fim de semana, mas sabia que seria uma luta antes da corrida. Não estava me sentindo bem e sabia que, com a alta temperatura e a dificuldade da superfície, eu precisaria estar no meu melhor para poder competir. Na primeira corrida, consegui meu segundo holeshot no ano e controlei a maior parte da corrida. Foi apenas nas duas últimas voltas que fiquei sem energia e tive que me contentar com o segundo lugar. Infelizmente, não tive uma boa largada na segunda corrida e, embora tivesse sentido que poderia subir o ritmo e me mover no pelotão, caí enquanto estava em sexto. Isso realmente prejudicou meu impulso quando voltei à corrida em 12º. Continuei e terminei a bateria aí, perdendo apenas alguns pontos na batalha pelo campeonato e um pouco desapontado com o resultado geral. Nesta temporada você está liderando com grande vantagem e tem grandes chances de conquistar outro título mundial. Caso seja campeão, pretende fazer mudanças em 2023, como uma transferência para os campeonatos americanos? Vamos ver. Quero dizer, sim, estamos conversando agora para o próximo ano. Mas agora eu acho que o mais importante é estar bem aqui, em cada Grande Prêmio, onde me sinto em casa. Vamos ver o que decidimos ao final da temporada (risos).
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