Entrevista - Reinaldo Almeida - Chefe Team Honda MX
Depois de comandar a vencedora equipe de enduro da Honda, em 2023 Reinaldo assumiu a responsabilidade de chefiar a equipe de motocross da marca japonesa com a missão de conquistar vitórias e títulos. O primeiro ano foi desafiador e na atual temporada a equipe garantiu os títulos das categorias MXJR e MX2 do Brasileiro de Motocross com o recém-contratado Vitor Borba, e da AX2 no Arena Cross com outro estreante da equipe, Bernardo Tibúrcio. E quase conquistou o título da MX1 do Brasileiro de Motocross com o francês Stephen Rubini, também contratado nesta temporada.
Em um ano recheado de emoções e grandes batalhas, com certeza o Reinaldo tem muito que contar neste espaço, onde aborda assuntos como os novos contratados, o Campeonato Brasileiro e muito mais. Acompanhe nosso bate-papo com o chefão da vencedora equipe Honda!
DA – Depois de comandar a equipe Honda Racing de Enduro até 2022, você assumiu a equipe no motocross. Como foi essa mudança e quais são as diferenças no comando dessas equipes?
REINALDO - O motocross sempre foi a grande paixão da minha vida e a base de criação de toda a minha família. Conheci o enduro através dos diversos pilotos que apoio com minha marca pessoal e acabei me conectando muito forte com esse meio que é tão amigável. No motocross temos maior competitividade, maior estrutura e um nível muito alto na preparação das motos. Os anos em que estive como gestor no enduro com certeza foram importantíssimos para o meu desenvolvimento e tornaram a transição muito mais tranquila.
Você é o chefe de uma das equipes mais poderosas do campeonato, que acumula inúmeros títulos no motocross. Como é estar à frente de uma grande equipe? É grande a pressão ou você já se acostumou com ela?
A pressão e responsabilidade são enormes, mas a honra e felicidade que sinto por estar à frente desse time me fazem encarar tudo de um jeito muito prazeroso. Cresci idolatrando o time HRC, e às vezes ainda sinto que estou vivendo em um sonho.
Cada chefe de equipe tem sua forma de trabalho para o sucesso. Qual é o segredo na busca por vitórias e títulos?
Pessoas. Não é fácil viver o mundo do motocross. Nosso esporte está em um nível extremamente alto e para “performar” precisamos dedicar nossas vidas. Isso não é possível se não tivermos total sinergia dentro do grupo. Esse foi o grande segredo da evolução que tivemos nesta temporada. Todos nós escolhemos estarmos juntos e nos entregarmos sem limites.
Neste ano a equipe contratou o francês Stephen Rubini para a categoria MX1. Como tem sido trabalhar com este piloto com tanta experiência mundial?
No ano passado eu tive uma experiência muito positiva com o Rubini, durante as semanas que ele ficou junto com o time. Ele é uma excelente pessoa, fácil de trabalhar junto e acabou se tornando um grande amigo. O que ele fez durante o turbulento final de semana em Interlagos ficará para sempre na memória de todo nosso time.
Como você disse, ele esteve perto do título da categoria, mas acabou se lesionando na etapa em Interlagos (São Paulo-SP). Como foram os dias antes da última etapa? Ele conseguiu se recuperar a tempo?
Chegamos em Interlagos com muitos pontos de vantagem e com uma estratégia extremamente conservadora, mas infelizmente o que aconteceu é algo incontrolável dentro de um esporte de alto rendimento. Foi uma lesão complicada e o Rubini não mediu esforços para estar pronto na final, porém não houve tempo suficiente para uma recuperação plena. Para se ter uma ideia, a expectativa é de que somente agora, em outubro, ele possa voltar de fato à rotina de treinos.
Na MX2, Vitor Borba surpreendeu e conquistou o título da temporada, além do da MX2JR. Esperava essa performance do estreante na equipe?
Acompanhei de perto a temporada 2023 do Borba, dentro e fora das pistas. É um excelente menino, com uma ótima família. Não havia dúvidas de que ele tinha o perfil perfeito para o nosso time e viraria uma máquina estando junto ao Dino (treinador físico) e ao Bê (Bernardo Tibúrcio).
Vale lembrar que, no motocross nacional, a equipe teve seus dois pilotos, Vitor e Bernardo Tibúrcio disputando o título da MX2. Como foi lidar com essa situação?
A MX2 foi uma grande prioridade nesta temporada, sabíamos da necessidade de formar uma base forte para o time. O Dino fez um trabalho perfeito na pré-temporada e além disso ficamos impressionados com o resultado que alcançamos nas motos. Sabíamos que seríamos fortes. O Bê e o Borba são grandes amigos que, embora jovens, já são muito maduros, o que acabou resultando em um ano de muito equilíbrio dentro e fora das pistas.
Vocês também conquistaram o título da AX2 no Arena Cross com o Bê numa Super Final eletrizante, sendo que ele também estreou na equipe Honda neste ano. Como é trabalhar com esses dois jovens talentos?
Nossos meninos foram incríveis! Sou suspeito para falar. A cada dia durante o ano, eles foram conquistando mais e evoluindo dentro do time. Quem vive a rotina deles sabe como merecem o que alcançaram. Não tenho dúvida de que estarão entre os líderes do nosso esporte por muitos anos.
No Arena Cross, a equipe contratou o escocês campeão americano de motocross Dean Wilson, que venceu as duas etapas em que participou e ainda saiu com o vice-campeonato. Qual foi o motivo dessa contratação e como foi trabalhar com ele?
Tenho um bom relacionamento com o atual chefe de equipe do Dean e já vínhamos falando sobre a possibilidade dele vir para o Brasil havia algum tempo. Durante o final de semana de Interlagos, decidimos unir forças e fizemos tudo acontecer muito rápido. O Dean foi uma surpresa muito agradável para todos nós. Ele se conectou rapidamente com o time e adorou a nossa moto, o campeonato e a receptividade de nosso país. Fico feliz em ver que hoje o nosso esporte tem capacidade de receber e causar uma boa impressão a alguém tão forte como ele.
Depois desta temporada desafiadora, quais são os planos para 2025?
Nosso time evoluiu muito durante este ano, mas ainda temos muito o que buscar. Receberemos logo mais as recém-atualizadas CRFs 2025, que parecem incríveis, e estamos ansiosos para iniciar os desenvolvimentos. Teremos mais novidades, que serão anunciadas em breve. E, acima de tudo, continuaremos do nosso jeito, sempre humildes e trabalhando duro em busca de grandes resultados.
Para finalizar, sabemos que você também é praticante, mas ainda tem tempo para andar de moto?
Com certeza! O motocross ainda é minha maior fonte de diversão. Durante a temporada eu prefiro focar na gestão do time, mas assim que acabam as corridas, retomo a minha rotina de treinos. Além disso, adoro testar as motos dos pilotos e entender as características de acerto de cada um.