Entrevista - Hélio Ninomya - Diretor Yamaha
A Yamaha fechou a temporada 2024 com os títulos do Brasileiro de Motocross na MX1, Brasileiro de Supercross e Brasileiro de Rally, além de campeã no Sertões e ser destaque ao lançar a Copa IMS YZ 125 bLU cRU no Brasileiro de Motocross, que foi sucesso imediato. Sem esquecer o programa bLU cRU, que continua contribuindo com os proprietários das motos da marca em determinados campeonatos nacionais, um programa de incentivo onde o piloto ganha prêmio em dinheiro, desconto, suporte técnico e mecânico e outros benefícios.
Para falar mais sobre essas ações e conquistas, conversamos com o diretor da Yamaha Helio Ninomiya, além da nova Copa e o que podemos esperar da nova temporada.
DA – A temporada passada foi marcada por grandes conquistas nos campeonatos nacionais pela Yamaha, como o Brasileiro de Motocross MX1 e Brasileiro de Rally, além do Sertões. Como avalia a temporada 2024?
HELIO – Realmente foi uma temporada de grandes conquistas. Vencemos os principais campeonatos, nas principais categorias, aumentando a nossa gama de troféus e de triunfos nestes últimos anos. Nossa equipe de motocross, a Yamaha Monster Energy Geração, chegou ao nono título na MX1 em 13 temporadas. Nosso time de rally, a Yamaha IMS Rally, ganhou o Sertões na geral e na Moto1 pela terceira vez em apenas cinco temporadas, e nós ainda ganhamos o Brasileiro de Rally pelo quarto ano consecutivo, e desta vez invictos, com o Adrien Metge vencendo todas as provas (RN1500, Jalapão, Minas Brasil e Sertões).
E na motovelocidade, nossos campeonatos cresceram com a estreia da Yamaha R15 bLU cRU América Latina, que passou a ser o início da jornada de formação rumo ao Mundial de Superbike, além do fortalecimento das duas categorias do Yamalube R3 bLU cRU América Latina. Vale ainda ressaltar a conquista do Íbero-americano de Motovelocidade, no qual o Humberto “Turquinho” Maier conquistou o título na Espanha.
O Fábio Santos faz parte da equipe Yamaha há um longo período. Em 2024, ele garantiu mais um título na MX1 e integrou a equipe brasileira no Motocross das Nações, que conquistou o melhor resultado da equipe no evento. Como é trabalhar com o Fabinho?
O Fabinho é uma pessoa muito especial e um piloto incrivelmente determinado, focado, que joga limpo, que atende bem seus fãs, que se relaciona bem com os companheiros de equipe. Está no nosso time há dez anos. É um piloto formado em casa. Temos muito orgulho dos feitos alcançados com ele e desejamos que muitos outros ainda sejam conquistados. Fabinho é o brasileiro que mais vezes representou nosso país no Nações, é campeão latino-americano e tem seis títulos do Brasileiro se somarmos MX1 e MX2, o que o coloca na história de mais de 50 anos do motocross brasileiro como o terceiro que mais venceu, atrás apenas de Moronguinho e Negretti, dois outros grandes nomes do esporte. Podemos, com certeza, afirmar que o Fabinho e a Yamaha formam uma dupla perfeita.
O Adrien Metge, outro piloto que também faz parte da equipe há muitos anos, foi imbatível em 2024, vencendo o Brasileiro de Rally e o Sertões. Como é essa parceria com o piloto francês?
O Adrien é mais um piloto que tem exatamente aquilo que procuramos nos atletas que correm por nossos times: garra, determinação, joga limpo, respeita as regras e os adversários. Conquistou tudo já no Brasil, desde Sertões a Brasileiro e as outras provas, mas mesmo assim busca melhorar o tempo inteiro, é insaciável na busca por evolução. Como pessoa é muito bom de papo, gosta de conversar, gosta de ver o time todo evoluir, gosta de estar em competição. E, sim, sabemos que é francês, mas fala tão bem português e gosta tanto do Brasil que parece que nasceu aqui. Estamos muito satisfeitos com a presença dele na equipe e esperamos poder comemorar muitas vitórias juntos pela frente.
A Yamaha tem em suas equipes pilotos brasileiros e estrangeiros que conquistaram títulos nacionais e internacionais. O que pensa sobre a presença de pilotos estrangeiros nos campeonatos brasileiros?
Avalio que é muito importante para a evolução do nosso esporte, das nossas pistas, dos nossos pilotos. Quando vem um estrangeiro competir aqui, ele traz consigo uma bagagem da Europa ou dos Estados Unidos que nós ainda não temos, apesar da longa história do esporte. O Campano veio e fez o Brasileiro de Motocross evoluir muito com seu conhecimento no tratamento de pista, das regras, da montagem de times. Nos auxiliou muito internamente na construção da equipe que temos hoje e contribuiu demais na formação de novos pilotos, sendo o Fabinho o maior exemplo de todos. Então, para resumir, sou a favor da vinda de estrangeiros, mas claro que também sou a favor das regras que protegem a formação de pilotos brasileiros. Acreditamos muito que a base precisa ser trabalhada, fomentada, instruída, para que no futuro o nosso campeonato seja ainda maior e nossos representantes no exterior tenham cada vez melhor desempenho.
A Copa IMS YZ125 bLU cRU estreou em 2024. O que fez a Yamaha criar esse evento no Brasil?
Um dos nossos pilares é o fomento ao esporte, o incentivo e a formação de novos pilotos. Temos um trabalho muito sólido na motovelocidade desde 2017 com o R-Series, que começa na R15, passa pela R3 e vai para o Mundial. A IMS YZ125 bLU cRU América Latina nasceu com este mesmo objetivo, de formar jovens pilotos e fomentar o motocross brasileiro com uma estrutura sólida e consistente.
E como avalia o primeiro ano da Copa? Faltou algo?
Foi muito bom. O campeonato se desenvolveu com segurança, com qualidade técnica e a estrutura já começou robusta, com duas carretas, 15 motos, todas iguais e bem-preparadas, mecânicos experientes sob a gestão do Alan Douglas, nosso parceiro da Missão78, que também faz a gerência do R-Series na motovelocidade. A disputa dentro da pista foi dominada por Juan Felipe, mas outros pilotos mostraram talento, evolução, chamaram a atenção dos times profissionais e ainda vão render bons resultados. Estou satisfeito com o começo dessa história e acredito que ao longo dos próximos anos colheremos bons frutos.
Ainda sobre campeonatos brasileiros, o que acha dos eventos nacionais? Eles precisam de alguma mudança?
Em geral, estamos bem. Penso que sempre é possível melhorar, e da nossa parte estamos sempre trabalhando para isso. O Brasileiro de Motocross tem voltado a ser um grande campeonato. Estamos com pilotos de alto nível. As equipes estão cada vez mais estruturadas. Um ponto que considero fundamental, e entendo que ainda não estamos no nível ideal, é a construção e o tratamento das pistas. Temos um caminho a percorrer neste sentido, precisamos de pistas mais parecidas com as do Mundial e do AMA para que nossos pilotos se desenvolvam ainda mais. E não só tecnicamente, mas na questão de segurança também. Considero que tivemos boas pistas em Ponta Grossa (PR), Canelinha (SC) e Campo Grande (MS), mas ainda assim considero que estamos abaixo dos grandes campeonatos.
Também podemos melhorar como espetáculo, melhorar a experiência para o público, tornar o evento mais atrativo para que possamos crescer em termos de fãs. Isso inclui um calendário anunciado com antecedência e cumprido à risca e cidades bem estruturadas para receber esses eventos. O Sertões é grandioso. O Brasileiro de Rally está também cada vez melhor, mais estruturado. E na motovelocidade estamos crescendo muito, inclusive com a presença da FIM Latin America nas corridas, autódromos bem cuidados, segurança de alto nível. Claro que temos um caminho para percorrer ainda e, de forma geral, fazer o esporte sobre duas rodas chegar em mais pessoas.
O programa bLU cRu continua incentivando o esporte e contribuindo para que pilotos possam participar nos campeonatos nacionais. Depois de anos com o programa, como avalia o projeto?
O Programa bLU cRU em 2025 vai viver a sua sétima temporada aqui no Brasil. Está consolidado. É o maior programa de incentivo para pilotos independentes no Brasil. É um auxílio em diversas áreas, atuando de diferentes formas no motocross, rally e motovelocidade. No motocross, disponibilizamos mais de 1,1 milhão de reais para premiação. O piloto ganha dinheiro, desconto e suporte técnico e mecânico, entre outros benefícios. Quem corre de Yamaha tem muitas vantagens dentro do Programa bLU cRU. Vale a pena conferir no nosso site (www.yamaha-racing.com.br) todos os detalhes.
A Yamaha está presente praticamente em todas as modalidades do motociclismo nacional, tanto no off-road como no on-road, oferecendo patrocínio e também criando eventos para uma nova geração de pilotos. Como é administrar todos esses grandes projetos?
Temos um time muito engajado. São muitos departamentos, muitas pessoas, muitos parceiros completamente entusiasmados e focados em fazer este universo Yamaha Racing Brasil acontecer de forma correta, consistente, e buscando crescimento. Além da competição, também estamos crescendo com consistência na Yamaha Motor do Brasil, atingindo metas e objetivos inéditos. Acabamos de lançar a primeira moto elétrica produzida no Brasil, além de sete novos modelos do nosso line-up, com muita tecnologia e inovação envolvidas.
Quais os planos para 2025? Continua tudo como está ou teremos novidades?
Vem novidade, com certeza. Os fãs de Yamaha, os fãs de motorsport, podem ter certeza que estamos trabalhando para evoluir sempre, dentro e fora das pistas. Tem muita coisa bacana para 2025. Em breve, todos saberão.Muito obrigado.